6.12.08

Crítica Musical Online

A internet é vasta e há espaço para todos, por isso o Amplifika é cheio de concorrentes. Vamos transformá-los num prato cheio para discutir a crítica musical na web.

Metacritic

Para começar, um dos casos mais interessantes é o Metacritic, um site cujo objetivo é solucionar o problema da amplitude de opiniões na internet. O site não oferece críticas próprias, mas sim uma ferramenta de busca de críticas em diversos sites e uma nota média. Mostra um belo apanhado para fins comparativos.

Amazon

Amazon é o famoso site de compras, mas se destaca também como o maior centralizador no mundo de críticas por usuários. Nos EUA, a comunidade de comentadores é utilizada com tanta intensidade quanto o orkut é usado por aqui.

Pitchfork, TheMilkFactory
Estes são dois grandes exemplos de publicações que pertencem apenas ao tempo da internet. Começaram como sites pequenos e surgiram no momento certo, no começo da década, e determinaram grande parte dos hypes do cenário independente.

Last.fm, Rate Your Music
Estes são sistemas de comparação automática entre os gostos musicais dos usuários. Esta seria uma forma de substituir a crítica por um gráfico que mostra tudo o que seus amigos estão ouvindo, e as decisões e os gostos musicais ficariam livres para sempre da parcialidade. Claro que não acontece, mas todos que se julgam donos de fino paladar gostam de mostrar suas predileções, o que garante o sucesso das plataformas.

The Guardian, Wired
Estes são dois exemplos de publicações não-especializadas que oferecem todo seu acervo de críticas para a web. Parabéns, vocês são um bom exemplo!

Blissblog
, rockcritics, Radiola Urbana, Vitrola
Estes são exemplos do pior modelo de negócios da internet: falar opiniões da boca para fora, sem correr nenhum risco de duvidarem de você. A triste consequência é um layout feio e atualizações escassas.

5.12.08

Independência ou moda?

O cenário de música indie no Brasil e no mundo vem crescendo cada dia mais. As bandas que não possuem contrato com grandes (ou pequenas) gravadoras e, por isso, não produzem em larga escala, acabam sendo responsáveis por todo o processo de produção e divulgação do próprio trabalho. Com a ascensão da pirataria, a disponibilização de músicas para baixar na internet, além da utilização da própria web, como meio principal de divulgação, o movimento independente está ganhando voz e visibilidade no mercado fonográfico.


Diferente dos artistas dessa maré libertária, as gravadoras só pensam em três coisas: lucrar, lucrar e lucrar. Ela estuda o que está em alta e aplica nas bandas contratadas. Por exemplo, se franjinha caída no olho, bracelete preto de pinos e all-star xadrez estiver na moda, é assim que as bandas vão se vestir. Se o povo quer ouvir choradeiras e xurumelas, é isso que as bandas vão tocar. É lógica matemática. Isso explica porquê tanta banda parecida surge no mundo e explica as mudanças no estilo do artista, quando o contrato é assinado (como é o caso da cantora Avril Lavigne, que cantava country e depois do contrato passou a contar pop teen).



As gravadoras criam modelos, padrões, modinhas. Os indies lutam contra essa corrente. Eles querem, como o nome já diz, independência musical, de criação, de estilo. Eles podem até não atingir o número de pessoas que as bandas de gravadora atingem, ou não vender a quantidade de CD que essas bandinhas vendem, mas por uma simples questão mercadológica. Hoje em dia, eles não precisam nem da divulgação massiva de uma grande empresa, porque (duh!) já existe a internet e que, como a Mallu Magalhães pode provar, funciona, realmente! A mulher vende música que nem água e já emplacou matérias em vários grandes veículos. Confira na Folha de S. Paulo, no Estadão, na Época, e na Abril Digital.

Profetizando um tanto, as gravadoras estão com os dias contados! Ser indie é a mais nova tendência mundial!

Os tiozões do pop

De longe e com a barriga coberta, até que eles não parecem tão mal.
Deu na Folha Online que os Backstreet Boys estão de volta! E isso não é tudo! Eles já estão com show marcado no Brasil para o delírio das fãs que acompanharam o grupo (hoje, já bem crescidinhas. ou nem tanto, porque eu ainda tô na flor da idade).

A notícia foi curta e grossa. "Desde então, os Backstreet Boys cresceram e constituíram família, gravaram projetos solo e debutaram na Broadway", disse a Folha. Chamou o grupo de tiozão, mesmo! Mas, não é mentira! Na época que eu ouvia os mocinhos, há uns 5, 7 anos atrás (isso tudo??) eles já eram bem mais velhos que eu (claro! Era justamente por isso que eu idolatrava cada um). E olha que eu já passei dos 20!

Isso me lembra quando minha mãe dizia que o Tony Ramos já foi galã. Inimagináve! Se esses caras me aparecerem pansudos, gorditos e velhotes, como é que eu vou dizer uma coisa dessas pra minha (futura) filha??? Nan! Não aceito! Eles podiam continuar cuidando de seus filhotes e de suas esposas, permanecendo gostosinhos na nossa lembrança! Sou a favor das bandas saberem a hora certa de parar!

E olha que eu já fui fãzinha dos tiozões!

4.12.08

Grammy Awards 2009

Olha o Grammy ae, imitando o logo do Amplifika. Tsc tsc tsc. Ilusões a parte, vamos ao que interessa!
O Estadão Online divulgou no início da tarde desta quinta-feira (04/12/2008) a lista com os indicados ao Grammy Awards, o chamado “Oscar da Música”. A notícia aí era essa lista, aparentemente copiada do site do Grammy e colada no site do Estadão. Excelente trabalho de apuração do repórter. Vamos, então, fazer o que ele não fez: comentar essa lista, criticamente, e mostrar um pouco mais sobre os artistas mais citados.

Primeiramente, veja a tal lista dos indicados. Pois bem, nas principais categorias, como mostra o Estadão, alguns artistas merecem destaque (por coincidência ou não, são os que possuem o maior número de indicações):

Adele tem apenas 20 anos (chocada! Minha idade!) e um álbum nas costas, mas já conseguiu se tornar a queridinha dos britânicos. Com uma voz forte e imponente, mas músicas suaves, melódicas e bem compostas, ela dominou o topo das paradas no Reino Unido, apenas um mês depois de ter lançado seu disco de estréia, o “19”. Ela aparece em categorias como “Melhor gravação”, “Música do ano” e “Melhor performance pop feminina”, com “Chasing Pavements” (música e clipe tão ou mais meigos quanto a própria Adele) e “Melhor artista revelação”, ao lado de Jonas Brothers e Duffy, entre outros. Cá pra nós, sem chance para os concorrentes.

O Coldplay dispensa apresentações. A banda inglesa foi a segunda mais indicada ao prêmio ( perdendo para o rapper Lil Wayne, com 8 indicações), disputando em 7 categorias: “Álbum do Ano”, “Canção do ano”, “Letra do ano”, “Melhor Interpretação de grupo”, “Melhor Canção de Rock”, “Melhor Álbum de Rock” e “Melhor canção Rock”. Os mocinhos estão realmente bem este ano: de acordo com a Folha de S.Paulo, o disco “Viva La Vida” foi o mais vendido de 2008, na loja virtual do iTunes. No histórico do Grammy, eles já têm quatro vitórias, com promessa de aumentarem este número em fevereiro do ano que vem, quando o Grammy está marcado para acontecer.

Na categoria “Álbum do ano” o Coldplay disputa com o rapper recordista de indicações desta edição da premiação, Lil Wayne, com o disco “Tha Carter III”, álbum que mais vendeu no mundo, em 2008 (segundo o Terra, mais de um milhão de cópias em uma semana) . O rapper domina a premiação, até então, concorrendo pelos títulos de “Melhor performance de Rap”, “Melhor Performance Rap em grupo ou dupla” (nesta, com duas indicações), “Melhor Rap/Colaboração”, “Melhor canção de rap” (também com duas indicações), “Melhor Álbum de Rap”, além do “Melhor álbum do ano”. O artista ainda não ganhou na história do Grammy, mas, indubitavelmente, tem muitas chances.

Depois dos dois maiores indicados, vêm o Kanye West, Ne-Yo e Jay-Z, com seis indicações; Radiohead, John Mayer, Alison Krauss, Robert Plant e Jazmine Sullivan com cinco; e Adele, Danger Mouse, T.I, Eagles, Lupe Fiasco, George Strait, com quatro.
A 51ª edição do Grammy acontece dia 8 de fevereiro do próximo ano, em Los Angeles. Aposte suas fichas e torça pelos seus favoritos! E se você não tiver preferências, confere o desfile de moda, as poses para os flashes e todo o glamour passarelístico do tapete vermelho!

Música e "A Vida de David Gale"

Num filme, nada é por acaso. Todas as cenas são pensadas. Quando se trata de trilha sonora, então... O cinema combina três artes em uma só: é artes plásticas, porque é visual; é cênico porque trata de pessoas atuando; e é musical porque...bem..se utiliza de música. Nos filmes mudos, a música dava o tom, era com a música que se tinha como saber as nuances de emoções das personagens. O filme falado tirou um pouco dessa importância da música, mas, mesmo assim.. o que seria daquela cena de morte se não fosse o ta-da-da-daaaa (o que seria dos filmes do Tarantino se não fosse as trilhas sonoras absurdamente subvertidas que ele escolhe?)

O filme em questão é.. A vida de David Gale do inglês Allan Parker. Parker, acostumado a dirigir filmes com críticas politizadas, como O Expresso da Meia Noite , conseguiu unir o político ao hollywoodiano quando colocou, lado a lado, a crítica à pena de morte (já existente em filmes dos anos 30 de Fritz Lang) e o suspense da descoberta. David Gale (Kevin Spacey) é um professor universitário, que está no corredor da morte por ter sido acusado de matar e estuprar uma colega, Constance (Laura Linney). Um detalhe: os dois fazem parte de uma Associação que luta contra a pena de morte! Elizabeth Bloom (Kate Winslet) é uma jornalista, que consegue entrevistar Gale enquanto este está preso. Bloom começa a investigar sobre o caso de Gale, e descobre que este é "inocente", e que foi criada a morte, apenas para que ele mostrasse que o Estado mata sem razão. Ele morreu sem ter ,efetivamente, cometido o crime ao qual foi acusado.

Mas, sobre crimes, castigos, punições e tudo mais, você pode entrar nos links que tem aí do lado, porque cada blog desses vai ter um texto sobre esse filme. O meu enfoque, e o enfoque do Amplifika é a música! Na cena final, toca uma ópera. Uma das personagens, desculpe-me não me lembro o nome, está num teatro, assistindo a uma belíssima ópera.

Trata-se de Turandot, de Puccini, o mesmo criador da famosa Madame Butterfly. Mas não é qualquer cena da ópera, é a cena em que Liú se mata. Uma das cenas mais bonitas e, ao mesmo tempo, trágicas da ópera.Uma pequena passagem para que vocês saibam de que que raios estou falando: Turandot é uma ópera que conta a história da Princesa Turandot, filha do Imperador Altum da China.

Ela odeia todos os homens, e jura que jamais se entregará a nenhum deles; isto devido a um fato ocorrido na família imperial que a traumatizou para sempre: o estupro e assassinato da princesa Lo-u-Ling, quando os tártaros invadiram e conquistaram a China. Seu pai, porém, exige que ela se case, por razões dinásticas, e para respeitar as tradições chinesas. A princesa concorda; porém, com uma condição: ela proporá três enigmas a todos os candidatos, que arriscarão a própria cabeça se não acertarem todos os três, e somente se casará com aquele que decifrar todas as três duríssimas charadas. A crueldade e frieza da princesa não fazem mais do que atiçar a paixão do Príncipe Desconhecido, filho do deposto rei dos tártaros, que decide arriscar a própria vida para conseguir a mão da orgulhosa princesa.

Mas, onde entra Liú na história, você me pergunta. Bem, Liú é uma serva do rei Timur, pai do Príncipe Desconhecido. Ela é apaixonada pelo príncipe, e completamente devota a ele. Quando o Príncipe consegue responder às três questões de Turandarot, esta ainda não quer casar com ele. O Príncipe, então, dá um desafio a princesa: diz que não quer se casar com ela a força, e dá um dia para que ela descubra e acerte qual é o seu nome; se ela o fizer, ele desiste da idéia de casar e ainda dá sua cabeça aos carrascos.

A princesa, maluca de desespero para responder corretamente ao desafio, começa a procurar qual é o nome do Príncipe.Vasculha com os soldados por toda Pequim, e nada acha. De repente, alguém se lembra de que viu o jovem príncipe em companhia de Liù e do velho. Turandot ordena que Liù seja torturada, até que revele o nome do príncipe; ela morre sem dizer uma palavra .

É aí, que entra o filme, amigos e amigas. A cena final de A vida de David Gale, conta com a aria que Liú cantou antes de morrer. Com a sua agonia de morte e toda essa aura de sacríficio que ronda o fim de Liú. Visto assim, dá para se fazer um ótimo paralelo entre o sacríficio de Liú e o de Constance (bem como o de David Gale).

Todos eles morreram em favor de um ideal. Enquanto o de Liú era o sentimento que nutria pelo Príncipe, o de Constance e o de Gale era o desejo de Justiça, o desejo de mudar as coisas. Ora, a vida de Liú não iria ser perfeita nunca, pois ela sabia que nunca teria aquele que mais amava; a vida de Constance já estava no fim, a de David Gale também, tinha acabado de perder a mulher, os filhos e quase, o emprego. Nenhum dos três tinha nada a perder. Nenhum dos três se resignou a um poder maior, um poder do Estado: na ópera é a figura da Princesa Tundarot; no filme, à Justiça.Eles não ligavam para a própria vida, importavam-se mais com os ideais para qual lutavam.

Outra ligação que podemos fazer entre a ópera e o filme, é com a personagem de Liú e a repórter. O momento de libertação da repórter culmina no fim da ária de Liú, culmina com o momento de libertação da escrava. Apenas morta ela poderia ser feliz, pois sabia que, morta, tinha protegido aquele que mais amava, o Príncipe.

Sim, ladys and gentleman, nada em um filme é colocado de maneira inocente!

Os Donos do Pedaço

Diagramação que de tão hypada é confusa pacas, críticas tão falaciosas quanto este post, e um fetiche por listas, rankings e indicações. O que faz a Rolling Stone ser o que é hoje na cobertura musical é a autoridade que adquiriu na área. A gente pode criticar, detonar e esculhambar, mas não fazemos o trabalho que ela faz. Não que seja uma premonição de que "depois da RS não haverá nada melhor", mas se houver, será completamente baseado no projeto da revista, ainda que seja um anti-RS. Ela mostrou como fazer jornalismo musical e propagar a cultura pop no mundo.




Essa passividade do leitor em assimilar o que a RS prega é mais culpa do próprio leitor do que uma imposição da revista. É o que se chama de "delegação do saber". O leitor da Rolling Stone (aquele que sente que entende pouco de bossa nova...) admite que não sabe tanto quanto os profissionais da revista e aceita o que lhe é indicado. Para Philippe Breton e Perelman essa delegação costuma vir carregada de uma série de argumentos contra, pois defendem a idéia do discurso de autoridade vir carregado de valores coercitivos.



Então, se ela falou, tá falado?


Não é bem assim, fofa (o)! Acontece que com a quantidade de informação pululando no dia-a-dia e na tela do PC, é preciso selecionar o conteúdo com o que gastamos um tempo precioso, ou seja, nesse caso a RS falou: merece atenção. E isso é tão evidente que a revista, inclusive, costuma a pautar o restante do jornalismo... Mais conhecido no vocabulário redacional como chupinhar (ou seria xupinhar?): as revistas brasileiras de cobertura musical chupinham (xupinham) as idéias da RS (nacional, mas principalmente internacional) para reproduzi-las em suas próprias revistas, adaptando ao formato e púlbico-alvo de cada uma.


Então, ainda que você não seja fã da RS, vale dar uma olhadinha na próxima edição e ver se a sua revista favorita faz alguma coisa que a RS já faz. A partir daí, você vai conseguir entender um pouquinho do porquê esse grupo escolheu essa revista, além de falar de Britney e colocar Madonna na capa... O que por si só já é incrível, convenhamos!






BEIJO, ME DESLIGO DA RS!!

A mídia dita o que o público ouve ou o que o público ouve dita o que a mídia escreve?

Quando o assunto é música e cobertura jornalística, a dúvida (no título) fica no ar. Foi lendo uma matéria no site da Rolling Stone Brasil, sobre o Grammy Awards que resolvi pensar melhor sobre o assunto. O título dizia: “Coldplay tem sete indicações ao Grammy”. Abaixo, a linha fina afirmava: “Banda de Cris Martin está atrás do rapper Lil Wayne (foto), com oito indicações”. Se Lil Wayne ganhou mais indicações, por que foi a banda inglesa que ganhou mais destaque?

Falando um pouco melhor sobre cada artista e suas realizações neste ano, Lil Wayne é cantor de rap, natural dos Estados Unidos e foi o artista que vendeu mais disco em 2008, com o álbum “Tha Carter III”. Além desse feito, ele recebeu o prêmio de Melhor Artista de Hip-Hop/Rap do Mundo no World Music Awards, também este ano. Os caras do Coldplay lançaram o álbum Viva la Vida, quarto disco da carreira do grupo, e apesar de terem vendido milhares de cópias, Wayne vendeu mais.

Mas não é esse artista que interessa a revista. Ela não quer saber do artista que o mundo mais ouve, mas aquele que mais interessa aos seus leitores. Sim! A RS é uma revista elitista e seu público não escuta Rap. Como um processo de retroalimentação, a RS não escreve sobre rap, porque seu público não escuta rap e seu público não escuta rap, nem nunca vai escutar, porque a RS não escreve sobre rap.

Acho que jornalista tem que trazer novidade ao leitor, não falar somente sobre aquela banda que seu público já conhece! Mas, nesse caso particular, a Roling Stone pecou pela parcialidade explícita. O título falava sobre o Coldplay, mas o primeiro parágrafo falava sobre o Lil, assim como o segundo. Os rockeiros só foram citados novamente no terceiro parágrafo e muito brevemente.

Analisando as mesmas matérias, em diferentes publicações como o Estadão Online, a Agência Reuters e a Folha de S. Paulo, a gente vê que dá pra ser menos parcial, mesmo tendo que seguir a linha editorial e respeitar aquilo que leitor quer saber.

3.12.08

Fugir para o circo e sentir, sentir e sentir

Tá, fiquei assustada agora. Essa entrevista foi quase tão nonsense quanto aquela da Gretchen.

Mallu Magalhães deu a entrevista à Época São Paulo quando “tinha acabado de chegar da escola”, enquanto “comia sua merenda com Toddynho”. Toddynho tá fazendo mal pras criancinhas.

Atentem:


"As pessoas que não dão chance ao coração perdem as coisas. Elas se deixam enganar pelo medo de serem enganadas. A gente não pode ter esse medo. Ser enganado nem sempre é ruim. Eu, pessoalmente, me deixo ser enganada."

(a criança filosofa em torno de sentimentos)


Você sai pra dançar?
"Dentro de mim, lógico."

(q/)


"Não sabia, mas agora vejo como eu fazia coisas que não queria. Eu não queria mais ficar ali, queria coisas muito acima. Mas não me culpo por isso, era uma criança, uma iniciante de vida – ainda sou. A gente é uma eterna renovação."

"Eu era uma criança triste. Ou melhor, era uma criança feliz dentro de uma vida de criança. Mas quando você se torna adulto e tem que continuar em uma vida de criança, você não se torna uma criança feliz, mas um adulto infeliz. E é muito difícil lidar com isso. Será que se pode ser um adulto feliz? Talvez. Acho que o mundo é completamente talvez."

"E quando você consegue entregar o coração, chega à liberdade."

(e faz muita poesia bonita)



( do Te Dou Um Dado?)


"Eu sempre quis fugir com o circo, mas nunca pude fugir."

"É, entrar em um ônibus e fugir com o circo. Queria poder pintar, fazer os cenários, as roupas, colocar o coração deles ali."

"Eu nunca pensei que fosse ser artista. Achei que fosse ser veterinária ou assistente social. Ou motorista de ambulância."

"É muito bom chegar perto das pessoas que você admira. Por isso eu sempre quis ser jornalista. Queria fugir com o circo para entrevistar as pessoas na viagem."

(coerência, não trabajamos)


"Nasci num contexto e não posso relutar contra ele – ainda que dentro de mim eu relute."

"Eu não queria estudar, não queria fazer parte da classe social na qual nasci, por exemplo. Se pudesse optar, estaria vivendo de outro modo. Queria poder morar no meu apartamento, eu sozinha, um gato e meu devido amante."
(ui)


"Mas para compor, nada mais bonito do que a auto-aceitação de mudar."

"Se você muda você mesmo, você já muda as coisas. E as coisas são as suas coisas."

"Eu falo um monte de coisas da boca pra fora e, depois de um tempo, vejo que aquilo era exatamente o que eu devia ter falado. Era da boca pra dentro."

(q/)²

"Passei dias e noites refletindo – e eu não sou disso, prefiro gastar esse tempo sentindo."

"O mais legal de tudo foi que ele conseguiu tirar o que estava na minha cabeça e eu não sabia dizer. Era isso que eu queria e nunca soube. É muito amor saindo por aquelas teclinhas."

(a criança sente)


"Independente da idade, eu sou uma artista."

"Se eu fosse uma menina do rock, meio mano, líder da banda, seria mais fácil alguém me dizer, por exemplo, que não gosta do meu jeito de gritar."

"Várias gravadoras grandes – inclusive todas – me chamaram para conversar. Mas nenhuma ofereceu uma proposta que eu pensasse que poderia realmente ser bom para o artístico Mallu Magalhães."

(e a criança acha que pode)


Perturbou um pouco.

2.12.08

Hipopótamo Zine


Apesar do desenho ser do Nando Reis, o blog em questão não é sobre música. O destaque não é para o formato ou para o conteúdo, em si, mas para a idéia: abordar um “famoso” (não é preciso ser uma celebrity, mas conhecido ou admirado naquilo que faz), pedir para que ele desenhe um hipopótamo e então contar a história do desenho e da reação dos “desenhistas” para os leitores. Original, simples e, muitas vezes, surpreendente.

Como a música está em toda parte e o blog do Hipopótamo também, falemos sobre os posts que trazem algo de musical aos seus leitores: Você imaginaria que o hipopótamo do Nando Reis seria assim, tão simpático? Você poderia imaginar como seria um hipopótamo desenhado pelos cantores Jorge Mautner, Max de Castro e Amado Batista? Diferenças musicais a parte, o desenho de cada artista é simplesmente incrível, mesmo com a aparente falta de talento para o desenho, por parte de alguns. Mas, não é sobre isso que queremos falar. O legal dos posts é que, através do rabisco, o trabalho do profissional é difundido. Tenho certeza que os curiosos e freqüentadores do blog que nunca ouviram falar dos artistas vão dar um jeito de conhecer suas músicas, já que eles têm um desenho postado no blog do Stéfano (inventor, dono, produtor e divulgador do Hipo).

Entre músicos, desenhistas, cartoonistas, apresentadores de TV, políticos, diretores, artistas plásticos e pessoas não categorizadas, há hipopótamos de todos os tipos, tamanhos, formatos, jeitos e aspectos. Cláudia B., freqüentadora do blog, comenta que “dá pra saber muito sobre uma pessoa pelo hipopótamo que ela desenha”. O do Geraldo Alckmin, por exemplo, parece não ter cabeça. Mas essa é apensa uma possível interpretação.

Apesar de não ter sido pensado como canal de divulgação para outros trabalhos em sua idéia inicial, este é o destino de tamanha originalidade. Em breve, os músicos / atores / diretores e todos do mundo que quiserem divulgar o seu trabalho vão torcer pra poder desenhar um hipopótamo e ter suas idéias difundidas aos leitores do blog.
Obs.: Não reparem no tamanho da minha positividade. Ela é pouca perto da criatividade apresentada no Hipopótamo Zine.

Quem será o próximo a desenhar o simpático (ou não) bichinho?